Durante
os intervalos de recuperação dos esforços de alta intensidade, ocorrem
processos como a ressíntese de fosfocreatina (PCr), o tamponamento de H+
e a remoção do lactato produzido no meio intra, para o meio extracelular.
A ressíntese de PCr é um desses principais
processos metabólicos. Ela envolve a re-fosforilação da creatina, com gasto de
ATP pela enzima creatina quinasemitocondrialum padrão bi exponencial, com um componente
rápido e outro lento.
A meia vida do componente rápido é de aproximadamente 21 a
22s, contabilizando apenas para uma pequena fração do total de PCr
ressintetizada. Já a meia vida do componente lento é de mais de 170s. Consequentemente,
a ressíntese do substrato é dependente do tempo das pausas entre os esforços,
definindo as pausas como curtas (incompletas para ressíntese de PCr) ou longas
(completas para ressíntese de PCr).
Uma vez que é um processo mitocondrial, a
ressíntese de PCr é dependente da disponibilidade de oxigênio para a
musculatura. Indivíduos treinados em endurance e, consequentemente com
maior potência e capacidade aeróbia, são capazes de ressintetizar o substrato
mais rapidamente do que sedentários, ou os menos treinados.
Segue abaixo a sequência de eventos
responsáveis pela ressíntese de PCr:
1) O ATP sintetizado na matriz mitocondrial é
usado pela CK mitocondrial (Mi-CK) para fosforilar a creatina;
2) O ADP liberado por essa reação pode ser transportado de volta a
matriz, onde é refosforilado a ATP;
3) A PCr deixa a mitocôndria a se difunde no citosol para os locais de
consumo de ATP;
4) A CK regenera o ATP, que é usado como substrato energético pelas
respectivas ATPases;
5) A creatina liberada retorna a mitocôndria, fechando o ciclo.
Referências das Figuras
Harris, R. C., et al. "The time course of phosphorylcreatine resynthesis during
recovery of the quadriceps muscle in man." Pflügers Archiv 367.2
(1976): 137-142.
Mesa, José LM, et al. "Oral creatine supplementation and skeletal muscle metabolism in
physical exercise." Sports Medicine 32.14 (2002): 903-944.