Métodos de treinamento de força e potência

A contribuição para o incremento inicial da força, potência e taxa de desenvolvimento de força em indivíduos não treinados ocorre principalmente devido às adaptações neurais [1-3]. Contudo, com o avanço do tempo de treinamento, as adaptações musculares passam a ter um papel predominante. Por isso, atletas mais experientes necessitam de alterações mais frequentes nas variáveis de treinamento e/ou a introdução de novos métodos, a fim de manter as adaptações neurais já obtidas e promover um aumento mais significativo na força e na velocidade de contração muscular [4-8].

Nesse contexto, o programa de treinamento deve incluir progressões sistemáticas de cargas e a diversificação dos métodos, tais como o treinamento de força tradicional (resistido, com pesos ou musculação), levantamentos de peso estilo olímpico, pliometria, treinamento complexo e exercícios balísticos [5, 9].

A aplicação de uma variedade de métodos ao longo do planejamento de um atleta é crucial, pois cada método contribui de forma única para o desenvolvimento da força, da taxa de desenvolvimento de força e da velocidade de contração muscular, por meio de diferentes mecanismos adaptativos. Esses métodos induzem respostas distintas nas curvas força-tempo e força-velocidade e, portanto, devem ser incorporados em diferentes fases do planejamento.

Por intermédio de mecanismos musculares ou neurais, o treinamento de força tradicional pode ser particularmente eficaz no aumento da força máxima. Por outro lado, os exercícios balísticos e a pliometria podem ser mais efetivos na melhoria da velocidade de contração e na redução do tempo de aplicação de força, contribuindo assim para o aprimoramento da taxa de desenvolvimento de força.

É importante ressaltar que a seleção desses métodos não deve ser aleatória, mas sim baseada nas necessidades específicas de desenvolvimento da força ou da velocidade de contração muscular em determinadas fases do planejamento. Uma estratégia para a aplicação desses métodos pode ser definida após a realização de avaliações de força e potência do atleta, estabelecendo metas intermediárias para cada etapa do planejamento.

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Referências
1. Sale, D.G., Neural adaptation to resistance training. Med Sci Sports Exerc, 1988. 20(5 Suppl): p. S135-45.
2. Sale, D.G., Neural Adaptation to Strength Training, in Strength and Power in Sport. 2008, Blackwell Science Ltd. p. 281-314.
3. Moritani, T. and H.A. deVries, Neural factors versus hypertrophy in the time course of muscle strength gain. Am J Phys Med, 1979. 58(3): p. 115-30.
4. Folland, J.P. and A.G. Williams, The adaptations to strength training : morphological and neurological contributions to increased strength. Sports Med, 2007. 37(2): p. 145-68.
5. Cormie, P., M.R. McGuigan, and R.U. Newton, Developing maximal neuromuscular power: Part 1--biological basis of maximal power production. Sports Med, 2011. 41(1): p. 17-38.
6. Aagaard, P., et al., Increased rate of force development and neural drive of human skeletal muscle following resistance training. J Appl Physiol, 2002. 93(4): p. 1318-26.
7. Ahtiainen, J.P. and K. Hakkinen, Strength athletes are capable to produce greater muscle activation and neural fatigue during high-intensity resistance exercise than nonathletes. J Strength Cond Res, 2009. 23(4): p. 1129-34.
8. Aagaard, P., Training-induced changes in neural function. Exerc Sport Sci Rev, 2003. 31(2): p. 61-7.
9. Cormie, P., M.R. McGuigan, and R.U. Newton, Developing maximal neuromuscular power: part 2 - training considerations for improving maximal power production. Sports Med, 2011. 41(2): p. 125-46.

Autor : Bernardo N. Ide

Bernardo N. Ide é Doutor e Mestre em Biodinâmica do Movimento Humano pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Possui bacharel em Treinamento Esportivo, pela Unicamp. Realizou o Pós-doutorado pelo Laboratório de Bioquímica do Exercício (Labex), no Instituto de Biologia (IB), da Unicamp, e o Pós-doutorado pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Atuou como professor por dez anos no curso de Pós-graduação em Bioquímica, Fisiologia, Nutrição e Treinamento Esportivo do Labex, IB, Unicamp.