O artigo pulicado por Marocolo et al. [1] analisou com detalhes o estudo publicado por Evangelista et al. [2], que investigou os efeitos da eletroestimulação corporal total (WB-EMS) associada ao treinamento com peso corporal (BW) na capacidade funcional e composição corporal de homens idosos inativos. A importância desse tipo de investigação reside na relevância do impacto de diferentes métodos de treinamento na hipertrofia muscular e função neuromuscular em idosos para a saúde geral da população.
Principais Resultados:
O estudo de Evangelista et al. [2] relatou melhorias na capacidade funcional e na composição corporal dos participantes após o protocolo de WB-EMS com BW. No entanto, várias inconsistências foram identificadas nas versões original e corrigida do artigo. Notadamente, os dados de composição corporal, especialmente em relação à massa corporal magra, apresentaram discrepâncias significativas.
1. Massa Corporal Magra:
- A versão original apresentou valores inconsistentes de massa corporal magra (24.7±5.0 kg) em comparação com a massa gorda (22.2±1.4 kg), sugerindo um erro de 23±5.3 kg.
- Na versão corrigida, todos os valores absolutos foram alterados, mas ainda faltavam 2.0 kg e 0.4 kg nos grupos de Controle e BW+WB-EMS, respectivamente.
2. Espessura Muscular:
- Houve discrepâncias significativas nos dados de espessura do músculo vasto lateral, com aumentos variando de 10 mm a 400 mm, o que é improvável, considerando a espessura total da região média do vasto lateral (~2.8 cm) em homens jovens treinados.
- As figuras do estudo apresentaram intervalos de variação inconsistentes, sugerindo possíveis erros de transcrição de dados ou transformação logarítmica inadequada.
3. Análise Estatística:
- A transformação logarítmica aplicada aos dados pode não ter sido apropriada, uma vez que os dados apresentados estavam na escala original. Isso levanta questões sobre a adequação dos métodos estatísticos utilizados e a validade das conclusões do estudo.
Informações Relevantes Omissas e Solicitação de Dados Brutos:
Diversas informações cruciais foram omitidas no estudo original, incluindo idade dos participantes, exercícios de aquecimento, intensidade e volume, intervalos de descanso entre as séries e sessões, e a posição dos eletrodos. Além disso, a solicitação de dados brutos feita aos autores do estudo não foi atendida até a submissão deste comentário.
Relevância Prática:
O custo elevado do equipamento de eletroestimulação e das sessões de treinamento pode ser um fator limitante para a adoção dessa metodologia entre a população idosa, especialmente no Brasil. Métodos de treinamento de força tradicionais, que são mais acessíveis e já comprovadamente eficazes para promover hipertrofia muscular e melhorar a função neuromuscular em idosos, continuam sendo uma alternativa viável e segura.
Questão:
Você considera que os benefícios do uso de tecnologias avançadas, como a eletroestimulação, justificam seus altos custos em comparação com métodos tradicionais de treinamento?
Referências
1. Marocolo, M., et al., Commentary: Effects of Whole Body Electrostimulation Associated With Body Weight Training on Functional Capacity and Body Composition in Inactive Older People. Front Physiol, 2021. 12(1077): p. 719075.
2. Evangelista, A.L., et al., Effects of Whole Body Electrostimulation Associated With Body Weight Training on Functional Capacity and Body Composition in Inactive Older People. Front Physiol, 2021. 12(May): p. 638936.