Crianças e adolescentes podem fazer musculação?

  • 06-04-2025

Treinamento de força em jovens: nova posição oficial da NSCA

A National Strength and Conditioning Association (NSCA), uma das mais influentes entidades científicas na área do treinamento esportivo, atualizou em 2009 sua declaração de posicionamento sobre o treinamento de força para crianças e adolescentes. O documento, elaborado por um grupo de especialistas liderado por Faigenbaum et al., fornece recomendações embasadas cientificamente para a inclusão segura e eficaz do treinamento resistido em populações jovens, com o objetivo de promover saúde, desempenho atlético e desenvolvimento físico a longo prazo.

Evidências atuais e mudanças de paradigma

Historicamente, o treinamento de força em jovens era envolto por mitos e equívocos, especialmente no que diz respeito ao risco de lesões e à crença de que ele poderia prejudicar o crescimento. No entanto, uma crescente base de evidências desmistifica tais temores. A NSCA destaca que, quando supervisionado por profissionais qualificados e realizado com progressão adequada, o treinamento de força oferece benefícios substanciais e riscos mínimos.

Entre os benefícios mais bem documentados estão:

  • Aumento da força muscular, mesmo na ausência de elevações significativas na massa muscular;

  • Melhoria na composição corporal, densidade mineral óssea e fatores de saúde cardiovascular;

  • Aperfeiçoamento das habilidades motoras fundamentais;

  • Redução do risco de lesões esportivas, especialmente em esportes com alta demanda física;

  • Contribuição ao bem-estar psicológico, incluindo aumento da autoestima e da disciplina pessoal.

Princípios de prescrição e segurança

O documento recomenda que programas de treinamento de força para jovens devem:

  • Ser individualizados, levando em consideração a maturação biológica, o nível de experiência e os objetivos pessoais;

  • Incluir uma variedade de exercícios com pesos livres, máquinas e exercícios com peso corporal;

  • Priorizar a técnica correta de execução antes da sobrecarga progressiva;

  • Iniciar com cargas leves, progressivamente aumentadas à medida que a proficiência técnica e a força se desenvolvem;

  • Ser supervisionados por profissionais qualificados, com formação específica no treinamento de jovens.

A NSCA enfatiza que não há idade mínima cronológica para iniciar o treinamento de força, desde que a criança demonstre maturidade emocional suficiente para seguir instruções e participar de forma segura.

Frequência e volume recomendados

Os autores recomendam que o treinamento de força seja realizado de 2 a 3 vezes por semana em dias não consecutivos. Cada sessão deve incluir de 1 a 3 séries de 6 a 15 repetições por exercício, com ênfase no controle de movimento e na qualidade técnica.

Considerações sobre crescimento e desenvolvimento

Os efeitos do treinamento de força não interferem negativamente no crescimento estatural ou no desenvolvimento das placas epifisárias, desde que os princípios de segurança e progressão sejam respeitados. Pelo contrário, há evidências de que o treinamento pode contribuir positivamente para a saúde óssea e musculoesquelética.

Conclusão

A NSCA conclui que o treinamento de força pode e deve ser parte integrante de programas de atividade física para jovens, integrando-se a outras modalidades como atividades aeróbicas, esportes e jogos. Quando bem estruturado, o treinamento resistido contribui significativamente para o desenvolvimento motor, físico e psicológico das crianças e adolescentes.

Referência:
Faigenbaum, A. D., Kraemer, W. J., Blimkie, C. J. R., Jeffreys, I., Micheli, L. J., Nitka, M., & Rowland, T. W. (2009). Youth resistance training: updated position statement paper from the National Strength and Conditioning Association. Journal of Strength and Conditioning Research, 23(5 Suppl), S60–S79. https://doi.org/10.1519/JSC.0b013e31819df407



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