Esteve-Lanao J, San Juan AF, Earnest CP, Foster C, Lucia A. Como os corredores de resistência realmente treinam? Relação com o desempenho da competição. Med Sci Sports Exerc. 2005 mar;37(3):496-504. doi: 10.1249/01.mss.0000155393.78744.86. PMID: 15741850.
O treinamento de corredores de resistência é uma ciência complexa que envolve estratégias meticulosas para alcançar o máximo desempenho durante competições importantes. O estudo se propôs a quantificar a relação entre a carga total de treinamento e o desempenho em corridas cruciais da temporada, como os campeonatos nacionais de cross-country e as corridas de 4.175 e 10.130 km. Os resultados fornecem insights valiosos sobre a influência do volume de treinamento em diferentes intensidades no desempenho dos corredores de resistência, especialmente em eventos de alta intensidade com duração de aproximadamente 35 minutos.
Métodos:
O estudo incluiu oito corredores de resistência bem treinados e subelites, com idade média de 23±2 anos e VO2max de 70,0±7,3 mL.kg.min. Antes do período de treinamento, os atletas realizaram um teste máximo de exercício cardiorrespiratório para determinar o limiar ventilatório (VT) e o limiar de compensação respiratória (RCT). Durante o macrociclo de 6 meses, projetado para atingir o pico de desempenho nas corridas de cross-country mencionadas, os batimentos cardíacos foram continuamente registrados por telemetria em cada sessão de treinamento, desde o final de agosto até a realização dessas corridas, em meados de fevereiro. Isso permitiu quantificar o tempo cumulativo total gasto em três zonas de intensidade: zona 1 (baixa intensidade, abaixo do VT); zona 2 (intensidade moderada, entre VT e RCT); e zona 3 (alta intensidade, acima do RCT).
Resultados:
Os resultados revelaram que o tempo total de treinamento na zona 1 foi significativamente maior (P<0.001) do que o acumulado nas zonas 2 e 3. Além disso, o tempo total na zona 2 foi significativamente maior do que o tempo na zona 3 (P<0.05). Correlações negativas significativas foram encontradas entre o tempo total de treinamento na zona 1 e o tempo de desempenho nas corridas curtas (r=-0.79, P=0.06) e longas (r=-0.97, P=0.008) de cross-country.
Conclusões:
Com base nos achados, é possível sugerir que o tempo total de treinamento gasto em intensidades baixas pode estar associado a um melhor desempenho em eventos de resistência de alta intensidade, especialmente quando a duração do evento é de aproximadamente 35 minutos. No entanto, são necessários estudos intervencionais adicionais para corroborar esses resultados e elucidar os mecanismos fisiológicos por trás dessa relação. Através da manipulação do tempo de treinamento nas diferentes zonas de intensidade, podemos compreender melhor como otimizar o desempenho dos corredores de resistência em competições cruciais.
É importante ressaltar que esse estudo fornece uma visão valiosa para estudantes de educação física, treinadores e atletas, auxiliando-os a desenvolver programas de treinamento mais eficazes e individualizados. Entender a relação entre a carga total de treinamento e o desempenho em competições é fundamental para maximizar o potencial atlético e alcançar resultados de destaque em corridas de resistência.