Analfabetismo científico: como a falta de conhecimento científico afeta a formação e a cidadania dos estudantes universitários

O que é analfabetismo científico?

O analfabetismo científico refere-se à falta de conhecimento e compreensão dos conceitos básicos de ciência e do processo científico. Isso inclui a incapacidade de compreender terminologias científicas, interpretar dados e evidências, aplicar pensamento crítico e lógico a informações científicas, e compreender como a ciência afeta a vida cotidiana e a tomada de decisões.

O analfabetismo científico se manifesta de diversas formas, como a desconfiança em relação à ciência, a adesão a teorias conspiratórias, a negação de evidências empíricas, a falta de senso crítico e a vulnerabilidade a pseudociências e charlatanismo. Esse problema pode claramente limitar a capacidade de uma pessoa de participar efetivamente em discussões e decisões informadas sobre questões que envolvem ciência e tecnologia, como saúde, meio ambiente e políticas públicas relacionadas à ciência.

Atualmente, esse problema não afeta apenas as pessoas que não tiveram acesso à educação formal, mas também aquelas que cursaram ou cursam o ensino superior. Muitos estudantes universitários apresentam um baixo nível de alfabetização científica, o que compromete a sua formação acadêmica e profissional.

Quais as possíveis consequências do analfabetismo científico?

As consequências do analfabetismo científico no ensino superior são graves, tanto para os indivíduos quanto para a sociedade. Os indivíduos podem ter uma formação acadêmica e profissional deficiente, que os impede de acompanhar as inovações e as demandas do mercado de trabalho. Adicionalmente, podem ser facilmente manipulados por discursos ideológicos, ou comerciais que se aproveitam da sua ignorância científica.

São consequências do analfabetismo científico:

1. Incapacidade de compreensão. Analfabetos científicos apresentam incapacidade de compreender terminologias científicas, interpretar dados, figuras e tabelas de artigos científicos, bem como aplicar pensamento crítico e lógico.

2. Vulnerabilidade a Desinformação: Indivíduos com baixa literacia científica podem ser mais suscetíveis a pseudociências, teorias da conspiração e informações falsas, pois podem ter dificuldade em discernir entre fontes de informação confiáveis e não confiáveis.

3. Resistência a Inovações: Pode haver resistência ou hesitação em adotar novas tecnologias ou práticas baseadas em evidências científicas, devido à falta de compreensão ou confiança na ciência.

Estas consequências destacam a importância da educação científica e da promoção da literacia científica como ferramentas essenciais para o desenvolvimento individual e coletivo.

Como melhorar esse quadro?

Para enfrentar o analfabetismo científico no ensino superior, é preciso investir em práticas educacionais que estimulem e valorizem a ciência como um bem social e cultural. 

Algumas propostas são:


Ampliar e melhorar o ensino de ciências na educação básica, formando professores capacitados e oferecendo materiais e infraestrutura adequados.

Incentivar e apoiar a pesquisa científica nas universidades, fortalecendo a produção e a divulgação do conhecimento científico.

Integrar e diversificar o currículo do ensino superior, incluindo disciplinas e atividades que abordem os conceitos e os métodos científicos de forma interdisciplinar e contextualizada.

Desenvolver e implementar projetos de extensão e de educação científica, envolvendo a comunidade acadêmica e a sociedade civil, promovendo o diálogo e a participação social em torno de temas e problemas científicos relevantes.

Combater e denunciar as pseudociências e o charlatanismo, que se aproveitam da ignorância e da fragilidade das pessoas para vender produtos e serviços sem comprovação científica.

Autor : Bernardo Neme Ide, Ph.D.

Bernardo N. Ide é Doutor e Mestre em Biodinâmica do Movimento Humano pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Possui bacharel em Treinamento Esportivo, pela Unicamp. Realizou o Pós-doutorado pelo Laboratório de Bioquímica do Exercício (Labex), no Instituto de Biologia (IB), da Unicamp, e o Pós-doutorado pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Atuou como professor por dez anos no curso de Pós-graduação em Bioquímica, Fisiologia, Nutrição e Treinamento Esportivo do Labex, IB, Unicamp.