Predominância de tipos de fibras lentas ou rápidas NÃO EXPLICA a variabilidade interindividual nas adaptações ao treinamento de força

  • 25-07-2023

Van Vossel K, Hardeel J, Van de Casteele F, Van der Stede T, Weyns A, Boone J, Blemker SS, Lievens E, Derave W. Can muscle typology explain the inter-individual variability in resistance training adaptations? J Physiol. 2023 Jun;601(12):2307-2327. doi: 10.1113/JP284442.

Existe considerável heterogeneidade interindividual nas adaptações musculares ao treinamento resistido. Neste sentido, tem sido proposto que as fibras de contração rápida são mais sensíveis a estímulos hipertróficos e, portanto, que a variação na composição do tipo de fibra muscular é um fator que contribui para a magnitude da resposta ao treinamento.

MÉTODOS
Onze indivíduos novatos no treinamento de força, classificados como de tipologia lenta (ST) e 10 de tipologia rápida (FT), foram selecionados medindo-se carnosina muscular por espectroscopia de ressonância magnética de prótons. Os participantes treinaram os músculos do braço e da perna até a falha a 60% de uma repetição máxima (1RM) por 10 semanas, sendo um braço e uma perna treinados 3×/semana e o braço e perna contralaterais 2×/semana. O volume muscular (segmentação 3D baseada em RM), a força dinâmica máxima (1RM) e a área de secção transversa específica do tipo de fibra (biópsias do vasto lateral) foram avaliados. 
O treinamento consistiu em sessões supervisionadas três vezes por semana, focadas nos músculos extensores do joelho (quadríceps femoral), flexores do joelho (isquiotibiais), flexores do cotovelo (bíceps braquial) e extensores do cotovelo (tríceps braquial). Cada treino consistia de três ou quatro séries por exercício até a falha muscular a 60% do 1RM, com fases concêntricas de 1 segundo e excêntricas de 2 segundos.

Durante o treinamento, foi utilizado um desenho dentro do sujeito para investigar se o treinamento 2× ou 3× por semana é mais adequado para uma tipologia muscular específica. Um braço e uma perna treinavam três vezes por semana, enquanto o membro contralateral treinava duas vezes, resultando em um maior volume de treinamento e menos tempo de recuperação para o membro com treino adicional por semana.
 A alocação da frequência de treinamento por membro foi realizada aleatoriamente, garantindo uma quantidade igual de membros dominantes e não dominantes treinando três vezes por semana. Todos os treinos foram supervisionados para garantir a execução adequada dos exercícios. O número total de repetições foi registrado por série para quantificar o volume total de treinamento. Os participantes não foram autorizados a exercitar-se no dia anterior ou durante os dias de teste, nem a realizar exercícios relacionados à força durante o estudo crônico.

RESULTADOS
O principal achado foi que a tipologia muscular parece NÃO SER um fator importante para explicar a variabilidade interindividual na hipertrofia e ganhos de força quando o treinamento é realizado a 60% 1RM até a falha.
A resposta do treinamento para volume muscular total (+3 a +14%), tamanho da fibra (?19 a +22%) e força (+17 a +47%) apresentou considerável variabilidade interindividual, mas não pôde ser atribuída a diferenças na tipologia muscular. 
No entanto, os indivíduos com ST realizaram um volume de treinamento significativamente maior para obter essas adaptações semelhantes do que os indivíduos com FT. 
O membro que treinou 3×/semana apresentou hipertrofia geralmente mais acentuada do que o membro que treinou 2×/semana, NÃO HAVENDO INTERAÇÃO COM A TIPOLOGIA MUSCULAR.

CONCLUSÕES
Em conclusão, foi demostrado que a tipologia muscular de um indivíduo NÃO PODE explicar a variabilidade nas adaptações crônicas do treinamento resistido quando o treinamento é realizado ao fracasso. 
Os achados NEGAM que uma tipologia rápida seja benéfica para produzir adaptações superiores ao treinamento resistido. Entretanto, o grupo ST realizou significativamente mais repetições e, consequentemente, um volume de treinamento maior que o grupo FT para obter os mesmos ganhos musculares.
Em segundo lugar, a individualização da frequência de treinamento resistido por semana NÃO DEVE SER BASEADA NA TIPOLOGIA MUSCULAR. No entanto, independentemente da tipologia muscular, o treinamento 3×/semana é mais benéfico do que 2×/semana para aumentar a hipertrofia muscular, mas não a força dinâmica máxima nos músculos do braço e da perna em novatos no treinamento de força
Em conclusão, a tipologia muscular não pode explicar a alta variabilidade nas adaptações ao treinamento resistido quando o treinamento é realizado à falha em 60% de 1RM.

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